Encontro ocorrido em setembro reafirmou a importância da atuação em rede dos movimentos sociais para garantir participação popular no processo
Sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores/as de diversas partes do Brasil e movimentos aliados participaram do seminário “Políticas Públicas e Participação Social para Transição Justa”, entre os dias 28 e 29 de setembro, na sede do Sindquímica Bahia, em Salvador. O encontro foi realizado pela CUT, em parceria com a Amigas da Terra Brasil, América Latina e Caribe (ATALC) e a Confederação Sindical de Trabalhadores/as das Américas (CSA), com apoio do Centro de Transição Justa e do Instituto Clima e Sociedade (iCS).
O evento teve como principal objetivo fortalecer a articulação entre o movimento sindical e organizações de justiça ambiental, a fim de formular propostas conjuntas para a transição do modelo energético no país. Durante os dois dias de atividades, os participantes debateram os obstáculos para democratizar o acesso à energia e as perspectivas para a construção de um processo de transição que coloque a população no centro.
Iniciativas e desafios para a classe trabalhadora
Como foi evidenciado no seminário, existe um discurso por parte das empresas e do poder público em torno da suposta geração de empregos no setor de renováveis, quando na realidade esses empregos são temporários, precários e escassos. A terceirização do setor de energia também dificulta a ação dos sindicatos, agravando a precarização e a alta incidência de acidentes de trabalho. Da mesma forma, há uma série de impactos negativos para as populações locais trazidos por esses empreendimentos.
Os impactos identificados na construção dos parques eólicos vão desde distúrbios do sono causados pelo ruído das hélices até rachaduras nas cisternas das casas, colocando em risco a segurança hídrica das comunidades. Observa-se ainda que as populações locais muitas vezes não têm acesso à energia, utilizando lamparinas, enquanto em seus quintais há torres instaladas. Já as plantas solares causam um impacto ainda maior, devido à devastação do meio ambiente.
Próximos passos
O seminário representou mais um passo importante na construção de uma agenda unificada entre os diversos setores e movimentos em torno da transição energética justa. Uma das principais estratégias de ação levantadas foi a necessidade de atuar para informar a população a respeito desse tema, com atividades de formação e materiais educativos. Assim como criar mecanismos de pressão popular para exigir políticas de combate às violações de direitos humanos e mitigação dos impactos dos empreendimentos de energia renovável nos territórios.
Neste contexto da importância de democratização da informação, a Secretaria Nacional de Meio Ambiente da CUT, junto a parceiros, está construindo um diagnóstico sobre os impactos da transição energética para a classe trabalhadora, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Será realizado um seminário virtual, no dia 5 de dezembro, a fim de apresentar os dados parciais deste estudo para organizações sindicais, parceiros e movimentos sociais.
Crédito da foto: Orlando dos Santos (CUT Bahia).