Encontro realizado em Foz do Iguaçu reforçou a importância de uma aliança continental para construir participação popular e soberania
Por: Bruna Provazi
Crédito das fotos: Claudia Castro
Cerca de 4 mil ativistas de mais de 20 países se reuniram na Jornada Latino-Americana e Caribenha de Integração dos Povos, que aconteceu em Foz do Iguaçu (PR), nos dias 22 e 23 de fevereiro. O encontro reafirmou a importância da unidade e da ação coletiva internacional, sobretudo frente às ameaças contra a soberania e autodeterminação dos países da América Latina e do Caribe.
“Os debates na Jornada foram essenciais para reafirmar nossas estratégias políticas de luta contra as crises climáticas e de biodiversidade. É fundamental garantir que os processos de mudança energética que estão ocorrendo não causem prejuízo para os trabalhadores e trabalhadoras. Esse tem que ser o centro do debate de todas as nossas categorias, para que a gente possa ter uma participação mais eficaz e para que os direitos da classe trabalhadora sejam garantidos”, avalia Rosalina do Socorro Ferreira do Amorim, secretária de Mobilização e Relação com os Movimentos Sociais da CUT que esteve presente no evento.
Durante o ato político final, líderes políticos, sociais e sindicais apresentaram um documento que propõe uma agenda comum para avançar na cooperação e integração regional, abordando temas como democracia, direitos trabalhistas, transição justa e soberania energética e alimentar, entre outros.
“As propostas incluem a participação ativa dos movimentos sociais na tomada de decisões, a criação de mecanismos de coordenação e financiamento para projetos de integração e o fortalecimento de políticas públicas que promovam a equidade e o bem-estar de todos os cidadãos. O documento insta a um diálogo concreto entre as instituições governamentais e diversas entidades comprometidas com o futuro da região, com o objetivo de avançar para uma integração que beneficie todos os povos”, destaca Rafael Freire, Secretário Geral da CSA (Confederação Sindical dos Trabalhadores/as das Américas).
“A transição justa deve contribuir para a conquista de justiça social, ambiental, econômica e de gênero, tanto produtivo como reprodutivo, e para a responsabilidade do Estado e do conjunto da sociedade como um todo de prover os cuidados necessários para a vida.” – Trecho do documento entregue na Jornada Latino-Americana e Caribenha de Integração dos Povos
No documento entende-se que a transição justa e a soberania energética são aspectos-chave para a integração latino-americana e caribenha, pois propõem uma mudança radical na relação entre modelo de produção e consumo e natureza. A energia é tratada como um bem comum que deve ser gerido e regulado para atender às necessidades das pessoas. Por isso, o enfrentamento ao poder das empresas transnacionais deve vir aliado à construção de um sistema energético público e democrático.