Organizações e movimentos sociais entregam ao governo brasileiro a carta Rumo à Cúpula dos Povos da COP 30

Durante agenda na COP28 com governo brasileiro, organizações brasileiras destacam a construção de processo autônomo da agenda socioambiental.

 

Fonte: Assessoria de comunicação Terra de Direitos

Crédito da Foto: organizações sociais

 

Organizações sociais, movimentos populares e redes de defesa dos direitos humanos entregaram neste sábado (02), em agenda da 28ª Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP), realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, uma carta ao governo brasileiro. Nomeada de Rumo à Cúpula dos Povos da COP 30, o documento relata que as signatárias decidem por construir um “amplo processo autônomo da sociedade civil organizada denominado Cúpula dos Povos da COP 30”. A edição da COP30 acontecerá em Belém, em 2025, e é entendida como uma edição central da maior conferência mundial do clima por possivelmente rever as pactuações entre os países de novas metas para redução dos gases de efeito estufa.

O documento foi entregue diretamente ao presidente Lula pela integrante do Grupo Carta de Belém, Maureen Santos. A Terra de Direitos é signatária da carta, enquanto Grupo Carta. Na agenda com cerca de 130 representantes de organizações ainda participaram a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB).

No documento as signatárias destacam que o processo de debate e construção da política climática deve necessariamente envolver as organizações e povos da floresta, um dos mais diretamente afetados pela crise climática. “O debate climático é especialmente crucial do ponto de vista da construção de lutas comuns e para o avanço no processo de interconexões entre os movimentos sociais, redes e alianças da sociedade civil”, diz um trecho.
Veja abaixo a íntegra da carta. 

Rumo à Cúpula dos Povos da COP 30

Nós, movimentos sociais e sindicais, redes, organizações de representações de mulheres, povos indígenas e tradicionais, da Amazônia brasileira e de outros biomas brasileiros abaixo assinados, estivemos reunidos em Brasília, nos dias 31 de outubro e 01 de novembro, e decidimos construir um amplo processo autônomo da sociedade civil organizada denominado Cúpula dos Povos da COP 30.

A Cúpula dos Povos da COP 30 reunirá centenas de organizações da sociedade civil demandando uma agenda comum socioambiental e climática do governo brasileiro e do restante do mundo. Como próximos passos ampliaremos esse processo e será divulgado um calendário de lutas e atividades com vista a essa construção de unidade na diversidade.

Reconhecemos os processos históricos e existentes de construção da convergência popular na Pan-Amazônia e da solidariedade entre os povos do mundo frente aos impactos da crise climática e que os mesmos não chegam da mesma forma para todes.

Vivemos uma conjuntura de grandes desafios num contexto de crise ecológica, climática e civilizacional da atualidade. Frente ao avanço da extrema direita no mundo e contradições que ainda persistem entre outras vertentes políticas, o debate climático é especialmente crucial do ponto de vista da construção de lutas comuns e para o avanço no processo de interconexões entre os movimentos sociais, redes e alianças da sociedade civil.

Trabalharemos nos próximos dois anos para que essa Cúpula dos Povos dê seguimento aos processos históricos de lutas populares latinoamericanos e para que a COP 30, que ocorrerá no Brasil em 2025, seja um marco para o enfrentamento da profunda desigualdade socioambiental e do racismo estrutural que vivemos e para o avanço de políticas comuns frente a crise climática.

Assinam:
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB)
Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG)
Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB)
Articulação Nacional de Agroecologia (ANA)
Articulação de Agroecologia da Amazônia (ANA Amazônia)
Assembleia Mundial pela Amazônia (AMA)
Campanha Nacional em Defesa do Cerrado
Central Única dos Trabalhadores (CUT)
Coalizão Negra por Direitos
Comissão Nacional de Fortalecimento das Populações Extrativistas (CONFREM)
Comitê Brasileiro de Defensores e Defensoras de Direitos Humanos (CBDDH)
Conselho Nacional de Juventudes pelo Clima e Meio Ambiente (CONJUCLIMA)
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB)
Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ)
Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (CONTRAF)
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG)
Frente Brasileira contra o Acordo UE-Mercosul e EFTA-Mercosul
Fórum Brasileiro de ONGs e Mov Sociais para Meio Ambiente e Desenvolvimento (FBOMS)
Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental (FMCJS)
Fórum Social Pan-Amazônico (FOSPA)
Grupo Carta de Belém (GCB)
Grupo de Trabalho Amazônico (GTA)
Marcha Mundial das Mulheres (MMM) – Brasil
Movimento Escazu Brasil
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
Movimento de Mulheres Camponesas (MMC)
Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)
Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM)
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
Movimento dos Trabalhadores/as Sem Teto (MTST)
Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA)
Rede Brasileira pela Integração dos Povos (REBRIP)
Rede Cerrado
Rede Mata Atlântica
Rede Eclesial da Pan-Amazônica (REPAM)
Rede Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais (RNPCT)
Observatório do Clima (OC)
União Nacional dos Estudantes do Brasil (UNE)
Teia Carta da Terra Brasil
Via Campesina Brasil

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